Revisitando a História do Brasil
Desconstruindo Vieses Históricos

Ancestralidade vai muito além de laços familiares, há uma enorme teia que envolve quem nós somos e revela partes importantes para nosso autoconhecimento.

Aqui, ousamos explorar e desvendar os intricados caminhos da história do Brasil, através de uma jornada pelo tempo e pelo espaço. Mergulhamos nas profundezas de diversas narrativas, muitas vezes esquecidas ou distorcidas.

Iniciamos na majestosa Chapada Diamantina, onde os ventos sussurram segredos ancestrais, e fomos transportadas para um vilarejo sereno, imerso na comunidade da Raposa, próximo a Iracema. Aqui, entre as sombras das árvores e o eco das trilhas antigas, fomos recebidas por ensinamentos que desvendam as raízes entrelaçadas de nossa identidade nacional, tecida com fios de heranças indígenas, africanas e portuguesas.

Já em meio à exuberância natural de Mucugê e Lençóis, fomos confrontadas com a árdua realidade da corrida pelo diamante, uma saga impulsionada pela ganância e ilusão, onde vidas foram sacrificadas nas profundezas da terra, em busca da promessa de riqueza e glória.

Nessa jornada temporal, avançamos 300 anos, e chegamos à "Costa da Invasão", mais conhecida como "Costa do 'Descobrimento'", onde as páginas da história se desdobraram em revelações desconcertantes. A visão eurocêntrica que nos foi ensinada revela-se distorcida, como um espelho quebrado refletindo apenas fragmentos da verdade.
O mito da "descoberta" do Brasil pelos portugueses desmorona diante de uma narrativa mais complexa e dolorosa, onde a terra foi invadida e usurpada dos povos originários, deixando cicatrizes que ecoam até os dias de hoje.
Sob o manto da grandiosidade dos feitos portugueses, vislumbrei a sombra da coragem mesclada com ignorância, uma mistura trágica capaz de deixar rastros de destruição e sofrimento.

Nessa viagem, realizamos uma busca pela verdade enterrada sob as camadas de interpretações tendenciosas e silenciamentos históricos, uma jornada para escutar a voz de pessoas marginalizadas e reconstruir a narrativa da nossa nação.
Foi um mergulho nas profundezas de nossa história, em que confrontamos preconceitos e reconstruímos nossa identidade coletiva, com honestidade e empatia.

Experiência Étnica Pataxó

Momento da pintura facial, durante a experiência étnica Pataxó na Reserva da Jaqueira, em Porto Seguro, Bahia. Nos primeiros registros de exploradores da região, em torno de 1800, a etnia identificada como Pataxó não se apresentava com pinturas faciais. Mas após a expansão dos portugueses em solo brasileiro, e consequente aumento da troca intercultural entre diversas etnias indígenas, a pintura facial foi adotada como uma forma de adorno e hoje é utilizada como uma forma de se identificar o status civil da pessoa, além de ser uma forma de expressão artística.

Garimpo na
Chapada Diamantina

Itens pessoais de garimpeiros, utilizados para defesa pessoal, expostos no Museu do Projeto Sempre Viva, planta essa a qual foi extraída e explorada após o período do garimpo até a sua quase extinção. O museu nos transporta para a época em questão por meio das peças e banners explicativos acerca do dia a dia dos garimpeiros e garimpeiras e os impactos na economia local e internacional.

Vozes Femininas Silenciadas do Garimpo

Caminhar pelas trilhas do Garimpo de Diamante em Mucugê é imergir numa história de muitos silenciamentos. A atividade mineradora é normalmente percebida como masculina e, portanto, na percepção e na memória coletiva, a mulher não está presente nela. Grande engano! Foi neste "trilhar cotidiano, entre histórias, lendas e marcas de um passado ainda tão presente na região que descobrimos AS VOZES SILENCIADAS DAS MULHERES GARIMPEIRAS. Mulheres que sempre estiveram presentes, exercendo papéis importantes na história da exploração mineral. São elas: as mães, as viúvas, as filhas, as esposas e as prestadoras de todo tipo de serviços, lutadoras incansáveis na tentativa de melhorar as condições de vida de suas famílias. Além de ser visto como um oficio masculino, por ser duro, insalubre e requerer muita resistência física, inúmeras superstições permeavam as mentes das comunidades ligadas ao garimpo. Uma delas era que se a mulher entrasse nas grunas, poderiam acontecer acidentes e mortes. Ou ainda, o minério poderia desaparecer! Essa crença generalizada tem feito com que as pessoas dos garimpos, onde as mulheres efetivamente trabalharam neste oficio, não se lembrem desse fato. Por isso, é comum acontecer um espanto quando pessoas ligadas à área de garimpo são indagadas sobre a presença de mulheres garimpeiras da região, tendo invariavelmente a pronta resposta de que não há mulheres nesta atividade. Mulheres do garimpo. Mulheres fortes. Mulheres que fazem ecoar suas vozes por entre as trilhas e estradas do Diamante.

Introdução à Cultura Pataxó

Palestra realizada pelo Linguista e Professor indígena Kôhãy'txê. A reserva da Jaqueira conta com a educação básica realizada por indígenas locais, o que reforça a cultura indígena Pataxó nas fases iniciais de desenvolvimento das crianças.

Introdução à Cultura Pataxó

Palestra introdutória realizada pelo indígena Pataxó Suhyasun, da Reserva da Jaqueira. Porto Seguro, Bahia, sobre os costumes, tradições, renda e história que se mantém na comunidade, para que a cultura Pataxó não morra, mas que se alimente ainda mais de informações. "Hoje a guerra é com CONHECIMENTO."

Réplica do navio negreiro

Réplica presente no "Memorial Epopeia do Descobrimento", Porto Seguro, Bahia. É possível entrar na réplica e sentir o calor e umidade das madeiras do porão, uma experiência imersiva que facilita a compreensão das dores sofridas pelos povos africanos escravizados. A dor percebida se acentua quando tomamos conta que esses povos não tiveram a escolha de estar ali, diferentemente dos portugueses que escolheram conscientemente passar pelos desafios e suas consequências.

Fruto de cacto
Xique-Xique

Estudos de plantas nativas e medicinais presentes na região da Chapada Diamantina. Durante as trilhas da região é possível compreender melhor a cultura histórica e local, por meio das descobertas do funcionamento e disponibilidade de recursos do meio ambiente dessa região.

Experiência Pataxó em Caraíva

Participação em experiência de turismo étnico Pataxó, da reserva Porto do Boi, Caraíva, Bahia. Apesar de serem da mesma etnia Pataxó, a aldeia da reserva Porto do Boi se diferencia da aldeia da reserva da Jaqueira por oferecer uma experiência mais pautada nas atividades espirituais indígenas. Em uma das falas de uma das indígenas que vivenciaram o "Fogo de 51" (um evento recente e triste do ataque desmedido de coronéis contra a aldeia Barra Velha, que culminou em torturas e assassinatos), ela deixa claro que sua aldeia é onde seus amigos e sua família estão, não se restringindo a um espaço específico. Isso evidencia uma tendência de compartilhar vivencias com pessoas que tenham objetivos e ideais similares aos seus, ou seja, por mais que as etnias sejam as mesmas, não necessariamente duas aldeias "serão iguais".